sábado, 3 de dezembro de 2016

TENENTES - A guerra civil Brasileira




    “Em julho de 1922, quatro tenentes e alguns soldados deixaram o Forte de Copacabana, no Rio, para uma marcha suicida. Só dois sobreviveriam. Mas, naquele protesto contra eleições fraudadas e os homens poderosos que controlavam o país, eles transformariam o Brasil. Não veio sem um alto custo em sangue. O governo federal chegou a bombardear São Paulo, deixando centenas de mortos espalhados pela rua. Uma guerra civil esquecida. Dois presidentes foram quase assassinados. (...).
http://www.pedrodoria.com.br/tenentes/

  






   TITULO:  Tenentes

   AUTOR: Pedro Doria
   
   EDITORA: Record
   
    PAG.: 251










   Sobre o autor:
      Colunista dos jornais O Globo, O Estado de São Paulo e rádio CBN.

      Ganhador do prêmio Esso de melhor contribuição à imprensa, em 2012.

     É autor de outros seis livros, entre eles Manual para a Internet (Revan, 1995), o primeiro sobre a grande rede no Brasil, Eu gosto de uma coisa errada (Ediouro, 2006), coleção de reportagens sobre internet, sexo e nudez. Seus últimos livros tratam de história do Brasil. "1565", reconstrói a história do Rio de Janeiro e do sudeste em seus primeiros dois séculos. Já "1789" reconstrói a Inconfidência Mineira, além de fazer revelações a respeito de quem realmente foi Tiradentes.


  Sobre a obra:

      A presente obra, editada pelo Record em off-white, o que na minha opinião torna a leitura mais confortável. Capas em papel cartão fosco, orelhas médias. O meio do livro contém 8 páginas em papel que lembra um pouco o fotográfico, com fotos dos períodos relatados.

    O livro relata as revoltas militares ocorridas no Brasil, no inicio do século XX. O Brasil vivia seus primeiros anos de República. Tirando o fato de não haver mais Imperador, pouca coisa havia mudado no sistema republicano, quem ainda dava as cartas era a Oligarquias dos produtores de café de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas.

  Os militares, os primeiros detentores do poder no Brasil, após a proclamação da República, queriam o fim das Oligarquias, a centralização do poder, a implantação do voto secreto, uma política nacionalista e o fortalecimento da instituição.  Mas seriam estes os motivos das sublevações da década de 20?


  
























   Neste obra, Pedro Dória aponta um outro aspecto, aquartelados no Brasil, os  militares viram de longe os embates da Primeira Grande Guerra. Pedidos para que pudessem participar do conflito foram negados. A ‘guerra romântica’, onde soldados nas trincheiras escreviam a seus amores e pais poderiam ter alimentado toda aquela geração?

  “ Dois soldados desceram a bandeira nacional, quase dois metros de comprimento. Com uma navalha, Siqueira a rasgou em 29 pedaços irregulares. Um para cada um e o ultimo para entregar ao Capitão Euclides no Palácio do Catete. Carpenter escreveu em seu pedaço de bandeira: ‘Forte de Copacabana, 6 de Julho de 1922. Aos queridos pais, ofereço um pedaço da bandeira em defesa da qual resolvi dar o que podia...minha vida. Mario Carpenter.’ Siqueira fez o mesmo. ‘Ao meu pai e meu irmão e à memória dos 28 companheiros e daquela que não posso dizer’. Pensava em Rosalina Coelho Lisboa, uma moça morena e bonita de 22 anos com quem mantinha uma relação secreta. “
  
   A revolta do Forte de Copacabana não foi tão simples como se vê nos livros escolares. Foi uma complexa rede, planejada e detalhada, porém que não deu certo em virtude da Vila Militar não ter conseguido aderir ao movimento. E os canhões do forte dispararam tiros contra a então capital, Rio de Janeiro.

   Apesar de derrotada, a ideia não havia morrido e acabou por ressurgir em São Paulo, por quase um mês a capital Paulista virou uma verdadeira praça de guerra.















  “ São Paulo amanheceu em meio ao silêncio da bruma naquele 6 de Julho. As trincheiras em campos Elíseos foram reforçadas com sacos de areia e pranchas de madeira, que protegiam as metralhadoras. Mas naquela manhã, os rebeldes abriram pouco fogo contra o palácio e se concentraram no 4° Batalhão de Polícia. Eduardo Gomes assumiu um posto de artilharia. Com Gomes, boa mira. A caixa d’água do quartel foi ao chão. Não teriam água. Então, o prédio de comando se incendiou. Um terceiro obus pegou o telhado do edifício principal. No bombardeio, os rebeldes presos desceram a escadaria em busca de segurança quando foram interceptados pelo tenente Pietscher, pistola em punho. (...)”

  
   Com Getúlio Vargas subindo ao poder e com a morte da maioria daqueles jovens alimentados pelo romantismo da ‘guerra de tricheiras’, os militares voltaram a seus quartéis. Mas ainda resta uma pergunta: Até onde, de fato, a revolução de 1964 teve sua mais remota influência, dentro do movimento Tenentista?


  CONCLUSÃO

     Nas palavras de Pedro Doria:

 “ Não é possível entender o Brasil republicano sem entender o tenentismo. Não haveria 1930 sem o tenentismo. Não haveria 1964 sem o tenentismo. Duas ditaduras. Uma com tons de esquerda por conta de seu histórico de direitos trabalhistas, a outra marcada pela direita em sua posição irracional ao comunismo.”

  Precisamos nos perguntar até quanto não estariam misturados os interesses das forças armadas com o da nação? A república Oligárquica, sustentada pela fraude precisava sofrer um colapso para que a democracia de fato ocorresse.

   O movimento tenentista, formado na intelectualidade militar surgida justamente naquele período, inundada pelo romantismo de uma morte pela defesa da causa pátria, assumi as dores do povo e resolve agir da forma como eles entendem que deveriam agir.


  Um livro que nos leva a mais questionamentos, o que é muito bom, sobre um período pouco divulgado da nossa história. Seria interessante se este livro virasse um filme, ou um seriado.


 Boa leitura.


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