terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

"FAZ PARTE DO MEU SHOW"





 A palavra verdade pode ter vários significados, desde “ser o caso”, “estar de acordo com os fatos ou a realidade”, ou ainda ser fiel às origens ou a um padrão. Assim, "a verdade" pode significar o que é real ou possivelmente real dentro de um sistema de valores. Para Nietzsche, por exemplo, a verdade é um ponto de vista.  E se tratando de ponto de vista, esta pode variar de acordo com os paradigmas que o norteiam. Por tanto, estudem, leiam, dilatem seus paradigmas, expandam suas fronteiras...

 Por que iniciei meu post assim? Bem, tenho lido muitos comentários na internet a cerca deste livro, porém percebe-se que poucos são aqueles que de fato entenderam seu conteúdo.


 TITULO: Faz parte do meu show

 AUTOR: Robson Pinheiro

 EDITORA: Casa dos Espíritos

 PAG: 180

 Eu já estava procurando este livro para ler desde quando terminei a Trilogia “ O reino das sombras”. Mas só agora consegui encontrá-lo. Foram 3 dias de leitura. E devo confessar que enquanto desfolhava as últimas páginas já estava com pena de terminar. 

 O trabalho gráfico segue a excelente qualidade da Casa dos Espíritos. Uma capa super bem elaborada, em contrastes fosco e brilhante. 

“ O autor das palavras preferiu não se identificar diretamente; todavia, em seus apontamentos, fica a sua marca. Em suas palavras, suas pegadas. Quanto a mim, fui convidado tão-somente a auxiliar o verdadeiro autor destas experiências com meu jeito de escritor e repórter dos dois lados da vida. Sei que este trabalho causará polêmicas, discussões e rebeldia. Afinal, de uma forma ou de outra, todos somos rebeldes, exagerados...aprendizes.”


  A missão de Robson Pinheiro como médium é psicografar livros que “incomodam”, que nos fazem pensar. E este não foge a regra. 

Eu delirei, mas também levei multidões ao delírio. Neste frenesi de uma juventude fanática pelo sexo, pelas drogas e pelo rock, eu aprendi a amar as meninas e os meninos que passaram pela minha vida. Amei e amei até atingir o limite da loucura, da sensualidade, da liberdade total, como eu classificava aquele meu jeito descontraído e descompromissado. Aprendi a me ligar às pessoas de forma especial, cativando-as, conquistando-as como outrora eu mesmo o fizera nos palcos da velha Europa, em outros corpos e em outras vidas. No auge da minha vida e da minha carreira eu recebi o veredicto da vida: hiv! Aids!
Desmoronava para mim, para minha mãe e, naturalmente, para os amigos mais íntimos, toda a minha insensatez.”

 Uma obra incrível. Uma mensagem, ou melhor, um grito pela vida. Com uma “pegada” poética, uma linguagem simples o livro já nos cativa desde a primeira página.

 A morte faz dessas coisas com a gente. No meu caso, além de despertar um sentimento de culpa duramente reprimido, trouxe à tona um lado meu mais sensível, que somente pode ser comparado com os momentos mais agudos da doença. A morte amacia corações, dobra a nossa rebeldia. Afinal, rebelar-se mais, para quê? Contra que sistema?
Contra Deus e a vida? Eu não via Deus.(...)”

 Um dos temas explorados no livro, é a questão da sexualidade no mundo espiritual. Em seres que se encontram ainda em vibração próximo a crosta, as sensações de fome, sede e sexual ainda são sentidas.

“Ao constatar em mim, como espírito, a força vibrante da sexualidade, senti-me sem saber como dominar os velhos desejos que vez ou outra irrompiam dentro de mim. E a fome e a sede que eu sentia? Como explicar que, como espírito, eu sentisse as mesmas coisas que, em tese, somente fariam parte da rotina de encarnado ou de quem possui um corpo físico? Como explicar, ou melhor, como encarar o fato de que, mesmo depois de morto, eu continuasse a sentir desejos? Isso tudo me incomodava
intimamente, quando fui apresentado a um espírito que, para mim, representou a salvação da situação angustiante em que me encontrava.”

 Um tema delicado, porém que nos servem de guia para entendermos mais um pouco sobre este mundo.

 Outro tema bem interessante, é sobre o efeito das drogas no corpo espiritual.



“Eu não sabia o que dizer diante da situação daqueles espíritos. Tudo o que observava repercutia em meu interior, e, de resto, a minha própria consciência se incumbia de me cobrar. Lembrava penosamente minhas experiências e meus excessos; algumas vezes, chegava a ficar deprimido ante aquelas recordações. A maconha, a cocaína, o LSD e outras drogas haviam sido companheiros de meus divertimentos. Acredito que,no meu caso, a morte se encarregou de colocar um ponto final em minha dependência, antes que eu me danasse por completo. Abençoei a morte e o Hiv.”

  Um livro para ser lido despido de paradigmas, dogmas ou preconceitos. 

 Uma ótima leitura.

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