sábado, 7 de novembro de 2015

Comandar - Pierre Charles Émile Lebaud



“Nesta época feliz, a trincheira era muito primitiva. Convencidos do próximo reinício da marcha para a frente, julgávamos inútil construí-la confortavelmente. Pouco profunda, sem abrigos subterrâneos, ela não era ligada por sapatas à retaguarda; á frente nenhuma defesa acessória. Lá ficava-se tranquilamente, ao escurecer, em pleno campo, de onde as patrulhas inimigas podiam aproximar-se facilmente, protegidas pela escuridão. Isso dava ensejo a contínuos tiroteios que, às vezes e sem razão, propagavam-se por toda a frente de um corpo de Exército.”








TITULO: Comandar

AUTOR: Pierre Charles Émile Lebaud

EDITORA: Bibliex

PAG.: 140






    

     Consegue imaginar a Europa pós primeira Guerra mundial? Digo, do lado vencedor? O que pensavam os homens deste período?

   Bem esta obra reeditada pela Bibliex nos trás uma visão bem interessante da Europa da década de 20. Pierre Charles foi Tenente Coronel durante a primeira grande guerra. Comandou as 101° e 130° regimento de infantaria. Além de fazer uma narrativa sobre o inferno da rotina nas trincheiras, Pierre Charles faz uma reflexão sobre o conflito e de como serão os conflitos depois da grande guerra. Ele escreveu este livro como um manual para que as futuras gerações se preparassem no caso de um novo conflito.

“ Ao fim da via-sacra, o regimento desembarca no Moulin-Brûlé, perto de Nixéville, debaixo de uma chuva torrencial, e entra na cidadela de Verdun por um itinerário desenfiado, atravessando o Bois-la-Ville e passando a leste do Forte Regret. Já foi muitas vezes descrita a vida subterrânea  dessa cidadela famosa... um mundo! Cada soldado aí recebe víveres e munições para completar seus aprovisionamentos. Logo no dia seguinte, chegou a ordem para entrar em linha. Atravessamos a povoação de Belleville, quase em ruínas. Atrás da crista da vertente norte que domina, muitas baterias estão em posição e atiram intermitentemente. Começa a desolação do campo de batalha. Tudo se atola na lama: caixões, viaturas quebradas, rodas de viaturas ou canhões, cartuchos, granadas, víveres, roupas sujas e ensanguentadas...”

  Uma coisa fica clara, os Franceses se encheram de orgulho com a vitória sobre os Alemãs. Durante a leitura observamos uma enxurrada de elogios ao soldado Frances, o ‘Poilu’. Nada é comentado a cerca do famoso natal de 1914. Mas vale a pena um olhar mais atento com relação a previsão para o futuro. Este livro, como disse, em forma de um manual, já trás em suas entrelinhas um certo aviso, do tipo, “ Não devemos esquecer que o inimigo, apesar de abatido, ainda ronda nossas fronteiras.”


  Interessante esta advertência vinda de um Frances, em plena década de 20, antes de estourar a depressão. Ou seja, apesar da Europa estar passando por um momento de reconstrução, havia, ou deveria haver uma sensação de calmaria após a tempestade. Ou será que já se sentia na verdade a calmaria que vem antes de uma tempestade?

  Durante a reunião de Ialta, os aliados concordaram que nenhum acordo de rendição seria feito com a Alemanha. Apenas a derrota mediante a destruição de Berlin seria aceita. Seria este um aprendizado dos termos da primeira guerra? Lembremos que Hitler fez questão de que a assinatura da derrota Francesa fosse assinada no mesmo vagão em que a Alemanha havia assinado a rendição de 1918. Rendição esta que ainda é muito discutida.



   






Rendição Alemã-1918










                            

         Rendição Francesa-1940




   Este livro pode ser usado como uma fonte história bem interessante sobre o período. Não é uma leitura, digamos, boa.  Até pela pagina 56 a leitura corre bem, depois ela inicia a etapa do manual que falei acima. Então começa a ficar um pouco ‘desinteressante’. Porém ainda é uma fonte, pois mostra como as coisas aconteciam até aquele período, neste microcosmo que é o sistema militar francês da década de 20.

  Boa leitura.

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