terça-feira, 15 de maio de 2012

Livros com Histórias!

  Não preciso dizer que adoro livros. Adoro ir as livrarias. Uma Nobel, uma Saraiva ou uma Fnac... Posso passar horas olhando todos os livros até me decidir por um ou dois.
 Hoje é tão mais fácil achar o livro que você quer, todos estão separados por assuntos, “ AUTO-AJUDA”, “RELIGIÃO”, “DIREITO”, “HISTORIA”... Aquelas atendentes sempre atenciosas. Porem dificilmente sabem onde esta o livro que você procura, sem olhar no computador. Outro dia tive que soletrar um título para a atendente poder procurar.
 Há..., mais quando tem aqueles cafés anexos... Que maravilha poder curtir as primeiras páginas do livro, ali, na livraria mesmo, entre um gole e outro de cappuccino. Enquanto isto minha filha se delicia na mesinha rabiscando algumas folhas de A4 com lápis de cera e minha esposa desfolha uma edição de CARAS.

 
 Mas sinceramente, por melhor que seja a livraria, nenhuma delas tem aquela atmosfera dos Sebos. Aquele cheiro dos livros que foram guardados durante anos em gavetas, porões e sótãos. Não existe uma ordem para expor o livros. No máximo são separados em pilhas, por valor.
 Eu sou um apaixonado por sebos. Cresci comprando em sebos. Principalmente os do Centro do Rio de Janeiro. Rua da Carioca, Rua Sete de Setembro, Av. Rio Branco...Infelizmente não lembro o nome destes sebos. Mas quantas lembranças. Meu pai e eu pegávamos o trem bem cedo, saltávamos na Central e começava a garimpagem.
 Porque, comprar em sebo é isto mesmo, garimpagem. Quanto menor é o sebo, mais os livros são “amontoados”. Os que estão em melhor estado, ou que custam mais caro, ficam bem amostra. Mas eu gosto de “desenterrar”, (ou seria “desenlivrar”?), aqueles que ficam bem fundo na pilha, ou lá no fim da loja. Mas se você estiver atrás de um título específico, é só perguntar ao dono. Em meio aquele monte de pilhas e tabuas improvisadas de prateleiras, ele segue como se tivesse um GPS. De imediato revolve uma pilha no canto da loja, afasta uns livros para o lado e logo já esta batendo a poeira do titulo que você pediu. E quando você pergunta o preço? Pensa que ele vai a um computador, passar o scanner? Não. O valor, quando não esta escrito a lápis na contra capa, ou indicado na “seção”, é dado no olho. E sempre rola aquele “choro”, ou uma compra casada. Esta é a grande magia do sebo. Não sei se hoje ainda é assim, mas era desta forma nos anos 90.

 
Mas falando em sebo, eu não poderia deixar de registrar um sebo, se é que podemos chamar de sebo. Talvez seria melhor dizer, “um revendedor de livros usados”. Mas não é disto que se trata?  Bem..., para quem conhece Nova Iguaçu, entrando pelo beco, ao lado da praça da Liberdade, indo em direção a antiga Pernambucanas, havia um senhor que todos os dias chegava ali, com uma mala. Ele deixava a mala aberta em um lado e no outro ele dispunha os artigos para venda. Livros!! Não mais que uns 50 por vez,afinal a mala não comportava mais que isto. Aos poucos a quantidade de livros foram aumentando. Para poder dar conta ele fez um acordo com alguns lojistas que o deixavam guardar seu material nas lojas. Era um senhor de origem humilde, mas que desde cedo tomou gosto pelos livros e sempre quis trabalhar com eles. Havia lido a maioria dos livros que vendia. Citava outras obras, mesmo de autores estrangeiros. Confesso que seus preços não eram melhores que os do Centro. Mas pelo fato de saber que comprando dele o estava ajudando, valia a pena.
 Um outro sebo bem interessante, foi um que descobri por acaso, em Miguel Pereira, interior do estado do RJ. Nós estávamos passando um final de semana em Miguel Pereira, era o ano de 2003. No sábado pela manhã saímos da pousada e fomos andar pelo centro. Parei o carro em uma ladeira, ficava uma rua antes da Igreja Matriz. E esta ladeira, lembro que desembocava na rodoviária.
 Assim que saltei dei de frente com uma das já conhecidas tabuas, improvisadas de prateleiras. Nem podia acreditar. Olhei em volta para encontrar a entrada. Logo a vi, era uma destas portas de ferro, tipo de bar. Não havia muitos livros. De fato pelo que estava acostumado aos sebos do centro, podia-se dizer que este estava vazio. Mas os livros estavam em excelentes condições. Comprei um da coleção Historia Ilustrada da Renes, que estava novo. Fui andando para o fundo da loja, meu instinto para “desenlivrar” estava me conduzindo. E de fato, no fundo da loja um livro “grosso”, meio torto pelo próprio peso, me chamou atenção. “Desenlivrei” então um dos livros que mudaram totalmente alguns conceitos em minha vida. O livro não estava nos seus melhores dias, a capa estava bem gasta, mas não soltava página, então deveriam estar todas ali. Este livro era a Biografia de Bader, conhecido como o “piloto sem pernas”. Vou falar deste livro em um próximo Post. È simplesmente arrebatador.
 Meu ultimo contato com sebo foi em 2004, ano de meu casamento. Só que ao invés de comprar, fui para vender. Eu tinha muitas revistas, havia coleções de SUPERINTERESSANTE, ASAS, FLAP INTERNACIONAL, SKYDIVE... Lotei a mala do carro. Não tinha como levar para a minha casa e também não achava justo deixá-las para as traças. Consegui R$150,00 por tudo. Pagou a Gasolina da Lua de Mel.
 Bem agora os livros são comprados pela internet, baixamos e-books ou vamos a uma livraria no shopping. Mas nada chega perto do clima bucólico de um sebo. 

 
Acho que vou colar um adesivo no carro, “ Operação comprem livros nos sebos EU APOIO”

 Ótimas leituras.


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