terça-feira, 29 de maio de 2012

O Vaticano e Hitler

Como você escolhe um novo livro para ler? Indicação de um amigo? Propaganda em revistas? Internet?
 Eu costumo jogar um tema na internet e filtro os resultados. Sempre aparecem uns 3 ou 4 livros sobre o assunto. Trás ótimos resultados.
 Mas o gostoso mesmo é rodar pela livraria até que o livro me escolha. O problema é que nem sempre a esposa gosta muito da idéia de ficar um tempo rodando as prateleiras cheias de livros. Mas, em fim, quando o livro me acha inicio um ritual, para ter a certeza que era o livro que eu não esperava e que poderá me surpreender. Geralmente começo lendo a parte de trás. Depois parto para as abas. Ainda não conquistado, leio a introdução. Neste ponto já me decidi pelo livro. Poucas vezes recorro a ultima etapa do “ritual”, que consiste em abrir o livro, em uma página aleatória, e ler um parágrafo. Repito por mais 2 páginas e pronto. Esta decidido.
 Pouquíssimos livros que chegaram a esta etapa do ritual voltaram para a prateleira. Eu me lembro de um, que foi reprovado no ritual. E este não foi um livro que me escolheu. Foi um que estava decidido a comprar. Havia lido uma matéria sobre ele em uma revista e me interessei. O livro tem o título de “O Papa de Hitler” de J. Cornwell. O que me levou a não comprá-lo foi que achei o mesmo muito especulativo. Especulações respondidas com mais especulações sem muita coisa de concreto.


 Eu gosto de especulações, nos levam a pensar. Porem estas teorias tem que ter uma base concreta. Mas pelo que pude perceber, esta é baseada em um ou dois pontos e pior, percebe-se uma condução do leitor para o caminho que o autor esta especulando. Não fornece muitas outras provas para o leitor pensar a respeito e decidir-se. Bem, como disse, não li o livro, mas pelo que li na introdução e em 3 páginas abertas ao acaso, esta foi minha conclusão. Mas o assunto me deixou curioso.
 Usando o recurso da internet achei o filme “AMEM”. ( FILME )



“AMÉM”, é um filme de 2008, do diretor Costa-Gravas. Este filme é considerado mais polêmico que “Paixão de Cristo” de Mel Gibson. O Filme chegou a ser censurado na Itália. Na França, só a colocação de seu cartaz provocou protestos e processos na justiça, pelos católicos mais radicais. Como deu para perceber, este filme é dinamite pura. Fica minha recomendação.
 Só aumentou minha curiosidade. Uns 8 meses depois, andando por uma livraria, fui encontrado pelo livro:



TITULO: O Vaticano e Hitler – A condenação Secreta
AUTOR: Peter Godman
 EDITORA: Martins Fontes
 Pag.: 285

 Peter Godman é da Nova Zelândia e Prof. De literatura e língua medieval em Roma. E para minha surpresa, a introdução do livro quase que exclusivamente, se refere ao “Papa de Hitler”:
 “(...)
 O argumento da acusação, por ser simétrico, é de fácil entendimento. Em um dos lados do banco dos réus esta Hitler, culpado e condenado. Do outro lado esta o Vaticano, cúmplice de seus crimes. Mas a simetria é frágil em suas bases, visto que é construída sobre provas manipuladas para servir à polemica fácil.
(...)
Para alguns, o trabalho em arquivos empoeirados é menos atraente que a brisa fresca da especulação e o brilho  fulgurante da publicidade.(...)”

 Um dos pontos que o próprio livro cita, é o fato de que o Vaticano durante muito tempo negou o acesso aos documentos da década de 30 e 40. Desta forma pode-se tirar conclusões bizarras.
 Peter Godman faz um trabalho de pesquisa, nos levando a entender todo o mecanismos que faz funcionar o Vaticano. Como alguns podem pensar, erroneamente, Godman não tenta mostrar só o lado “certinho” deste período. Ela mostra, como PIO XI, por exemplo, promoveu uma cruzada contra os comunistas. Em 1933 ele demonstra admiração pelas ações de Hitler contra o Comunismo.
 Mas o fato é que o Vaticano, plantado no coração da Itália, governada por um dos preferidos de Hitler, com uma ameaça aos dogmas cristãos na figura de Stalin, acabou optando por um "caminho do meio". Trataram de defender os seus, ou seja os católicos. E este é um ponto de impasse. Existiriam dentro do vaticano focos “anti-semitas”?  Peter Godman nos coloca uma série de documentos, sem nos induzir a uma resposta. A decisão é do leitor.
 Fica claro pelos memorandos Papais o desagrado com relação ao Nazismo. Publicamente tentaram se manter o máximo “neutros”.
 Mas os fatos falam por si. No fim da Guerra a porta por onde os Nazistas fugiram para a America do sul, foi o Vaticano.
 Para quem quer saber mais sobre este período negro da história da humanidade é uma ótima leitura. Não é um livro de leitura fácil. Mas é um exemplo de como se deve fazer uma pesquisa investigativa e não um livro especulativo.
 Destaque aos apêndices, que reproduzem os documentos de época, inclusive em italiano, com suas respectivas traduções.
 Para saber mais:

Vale a dica do Filme, “AMÉM.”





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