domingo, 27 de setembro de 2015

Diálogo com um Executor






 “ (...)
   Quantas tolices não tem cometido os tolos que julgam que o espírito não sofre dor alguma, a não ser aquelas dos seus mentais. Embora essas também existam, elas estão mais relacionadas aos reflexos condicionados da dor sofrida no corpo carnal e aos remorsos por erros cometidos do que com a dor do corpo espiritual.
   Esta sim é um tormento. Eu a vivi com grande intensidade e posso dizê-lo com toda a segurança: o corpo espiritual vibra tanto com a dor a ele infligido quando o corpo carnal.
   Digo isto porque, se não fosse os seus amigos terem dado o alívio da cura antes da doutrina, talvez eu ainda estivesse vagando nas trevas da ignorância das coisas divinas.
  Mas não! Primeiro curaram minhas feridas, depois saciaram a minha sede, e só então vieram doutrinar-me para as coisas divinas.
(...)”




TITULO: Diálogo com um Executor

AUTOR: Rubens Saraceni

EDITORA: Madras

PAG.: 120







    Já há algum tempo eu tenho ouvido falar dos livros escritos pelo Saraceni. Tenho um amigo que é um fã incondicional dele, tem todos os livros escritos por ele e inclusive já pode conversar com ele quando ainda vivo. Rubens Saraceni veio a falecer em Março de 2015.

   Na Bienal deste ano eu adquiri um dos livros dele, cujo título esta escrito acima. O trabalho editorial e gráfico é o padrão da Madras, muito bem feito. Todo o miolo em papel offset de média/alta gramatura, ou seja, as letras da página de trás não atrapalham a sua leitura.

  O livro é de certa forma pequeno, para quem esta acostumado a ler, é uma leitura rápida.  Eu devo confessar que o li em aproximadamente quatro horas. A maior parte dele é escrita em forma de diálogo, o que da uma dinâmica muito grande para a leitura.
   
   Porém não é um livro de ‘digestão’ assim tão fácil. É perturbador! A história apresentada é a história de Mário Ventura, um espírito hoje na Luz. Mas que andou por muito tempo nas trevas e da ignorância das coisas divinas e sagradas, tal qual muitos de nós.

   Mário Ventura, através da sua história, nos mostra o que ocorre quando, pessoalmente, tomamos em nossas mãos os rigores que somente à Lei Divina pertencem. Durante sua trajetória ele vivência inúmeras situações que mostram as mais chocantes expiações a que são submetidos todos aqueles que ousam interferir no seu próprio carma expiatório.


   O “Diálogo com um Executor” traz a introdução ditada pelo próprio Mário Ventura, o autor espiritual do livro. O grande ponto deste livro, é que ele nos faz pensar e voltar o nosso olhar para dentro de nós e ver o quanto somos frágeis, ou de certa forma, até manipuláveis se não temos o conhecimento adequado.

  Já gostaria de adiantar a você que se interessou em comprar e ler este livro, que a questão da sexualidade é muito explorada ao longo da obra. Logo assim que o nosso autor espiritual desencarna, ele viaja num ônibus, onde ele pode assistir como certas entidades provocam um casal a se estimularem o que gera em seguida um caso de obsessão sexual destas entidades. Na verdade esta parte é uma preparação ao que vem depois, no decorrer do livro.

    Outro ponto bem interessante, já colocado no texto de abertura deste post, é a questão da dor que o espírito pode sofrer. A observação do espírito a um certo desejo de ‘vingança’ que pode leva-lo de volta aos caminhos sombrios do ódio e da dor.

   Mas uma parte da estrutura deste mundo espiritual nos é mostrado, em várias partes do livro. São entidades identificadas como "protegidos", "protetores", "guardiães transformadores" e "guardiães executores". Esta é uma parte que achei um pouco confusa, se alguém puder ajudar agradeço. Pelo que entendi, existem entidades que apesar de estarem no chamado ‘reino das sombras’, fazem os trabalhos solicitados pelo mundo da luz. Como eles falam, “Alguém tem que fazer o trabalho sujo.” E este trabalho é uma forma de elevação para estes espíritos.


   E, acho que esta é a principal questão do livro, a obra nos trás uma visão a cerca da justiça divina e do carma. Mario Ventura na sua tentativa de ajudar a sua família encarnada, acaba interferindo no carma e no destino de todos. No fim, para que ocorra a elevação do seu espírito ele deve queimar todo o carma acumulado e de certa forma gerado por ele enquanto desencarnado.

   “Era a lei divina atuando implacável sobre aqueles que não souberam dosar suas emoções e as desequilibram.

   Meu Deus! Como era triste ver o sofrimento daqueles infelizes. Eu os olhava e sentia pena, pois não passavam de vítimas de suas próprias loucuras, agora transformados em algozes de si próprios; seus torturadores e os causadores das dores e do sofrimento, quem eram senão os seus outrora tão valorizados membros viris?

   Que horror! Eles os olhavam como se fossem os piores demônios castigadores. Amaldiçoavam seus sexos carcomidos pelos vermes e miasmas. Urravam de dor e clamavam por auxílio e perdão por terem se deixado envolver e conduzir por essa emoção tão gratificante quanto equilibrada com o todo contido no vaso da vida, mas tão perversa quanto bestializada.

   Era a lei divina agindo de forma sábia e implacável sobre o ser humano.
   (...)”

  E por fim, ele nos mostra que em todos os momentos a escolha é nossa. Até quando seu espírito sofria os piores flagelos, a escolha era dele, poderia passar por aquilo e aprender, ou poderia simplesmente abdicar da dor e do sofrimento e deixar-se cair no abismo do mundo sombrio.


  Uma ótima leitura à todos!

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Pesquisar este blog