segunda-feira, 3 de março de 2014

Giselle - A amante do inquisidor



“Não existe no mundo quem não tenha praticado uma ação digna, por menor e mais insignificante que possa parecer. Não há aquele cujos pensamentos e sentimentos, por uma fração de segundo que seja, não se tenha voltado para seu irmão com uma pontinha de piedade ou arrependimento.
 É isso porque todos nós, sem exceção, somos dotados da centelha divina que nos acompanham desde a nossa criação. Alguns, mais ávidos e mais corajosos, aprendem com maior rapidez essa verdade e logo alcançam a paz interior, alçando planos mais elevados de compreensão. Outros, mais embrutecidos, teimam em persistir apegados a falsos valores de felicidade e se perdem nas vias do terror, infligindo-se sofrimentos e vicissitudes que poderiam ser contornados. “


TITULO: Giselle – A amante do inquisidor
AUTOR: Mônica de Castro
EDITORA: Vida & Consciência
PAG.: 370

  Sempre gostei muito de ler e sempre prestei muita atenção ao que os outros leem. Sabe, eu penso assim: “- Se alguém lê tanto disto, quem sabe não seja interessante.” E desta forma fui diversificando meu hábito de leitura, experimentando pouco de cada estilo. Mas tem uma coisa que não esqueço.

 Quando tinha por volta dos meus treze, quatorze anos, via uma as minhas tias sempre com um livro na mão. Ela devorava aqueles livros, de impressão pobre, capas sem orelhas, páginas amareladas e as capas eram todas muito parecidas. Para quem ainda não se ligou, ela lia, ou melhor, devorava, aqueles romances que vendem em bancas de jornal. Eram, acho, uma espécie de novela, “Bianca”, “Julia”, “Sabrina”,... As capas sempre mostravam um homem e uma mulher em situações que, digamos, mexia com a imaginação. Acho que era esta a intenção.


 Um dia resolvi matar a curiosidade e comprei para ler um destes. Não consegui terminar de ler. Era uma espécie de enredo de novela mexicana, temperada com muito romance e cenas “picantes”. Francamente, aquele tipo de leitura não dava.
  Por que iniciei este post assim? Bem, semana passada uma amiga me emprestou um livro, um romance espirita. De inicio, parecia interessante, porém conforme fui adiante na leitura, parecia cada vez mais que estava lendo um daqueles livros que mencionei lá em cima.

  O pano de fundo é a Espanha, na época da inquisição. A inquisição Espanhola é tida como a mais cruel da história. Apesar de que alguns estudos apontam que podem ter ocorrido distorções por parte dos protestantes, que tentavam minar o poder da Espanha. Mas o fato é que a inquisição Espanhola, foi a mais eficaz da Europa e todos os seus processos foram minuciosamente catalogados e hoje são fruto de sérios estudos por parte de historiadores do período. Enquanto o Santo ofício trabalhou na Espanha, foram mais de Treze mil julgamentos.

  O livro não revela o período dos acontecimentos. Pode ter sido entre os anos de 1481 à 1826. Nenhum dos nomes dados aos inquisidores existiu de fato. Não estranhei, por se tratar de um romance mediúnico, ou seja, ditado por alguém que esteve presente aos fatos. Porém um sobrenome me chamou a atenção, “Valdés”.  No romance aparece como o sobrenome de uma das vítimas do Santo ofício, como “Valdez”, e por coincidência, ela foi absolvida. O sobrenome é o mesmo de um arcebispo de Servilha, “ Fernando Valdés”, trabalhou para o santo ofício de 1547 à 1566, renunciando ao cargo. Eu apostaria que este seria o período em que se passa os eventos.

 O livro é uma amostra dos “anos mais negros da nossa história”. Onde as pessoas eram torturadas, julgadas e mortas. Apenas para satisfazer os caprichos de uns poucos e a igreja ainda ficava com todos os bens do condenado, deixando a família na pobreza total.

  Como livro de ensinamentos espirituais, bem, isto fica apenas para o ultimo capítulo.

 “ A humanidade caminha para o crescimento. Desde que o homem pisou na terra pela primeira vez, vem lutando para evoluir, em todos os sentidos. Existem muitas diferenças entre o homem de hoje e o da pré-história. O homem não conhecia o fogo, o ferro, a espada. Também não sabia o que ra o amor, amizade, perdão. Vivia por seus instintos e para seus instintos. Se alguém ameaçava, respondia com violência e agressão. Matava-se porque não se conhecia o valor da vida alheia, mas apenas o de sua própria vida. O homem de hoje, apesar de ainda guardar muito desse primitivismo já foi se socializando e criou normas que o auxiliam a conviver com seus semelhantes. Só que o egocentrismo ainda perdura, trazendo a sede de poder, e falsos valores de moral e religiosidade imperam na mentalidade humana. Deus não quer a morte de suas criaturas. Quer que elas aprendam a se amar. Ninguém precisa matar para defender o nome de Deus, porque Ele é inatingível pelos atos humanos. Porque é amor em essência, e o amor tudo compreende e perdoa, não se ressentindo das atitudes infantis de quem ainda não conhece os verdadeiros valores do espírito. Mesmo que você o repudie ou o ofenda, Deus jamais se zangará ou punirá. Ao contrário, lhe enviará cada vez mais ondas vibrantes de amor, para que você possa despertar o amor dentro de você e crescer.”

  Pode parecer estranho, mais não é livro que eu recomendaria. A não ser que você goste destes romances. Como um livro de ensinamentos, onde você poderia tirar histórias para vida, esta muito longe. Como livro histórico, sobre o período? Muito duvidoso, apesar de contar fatos reais do período, porém nada “rastreáveis”. Se você não tem nada para ler e este livro cair nas suas mãos, vai em frente e leia. Mas se tiver outra coisa para ler, esquece este livro.


 Boa leitura.

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