Alguns livros tem a
capacidade de atravessar gerações e ainda manter sua mensagem bem atual.
Infelizmente a nova
geração acha que não deve ser lido, pois não deve trazer nada de novo. Mas só
se enganam quem assim pensa.
TITULO: A revolução dos bichos
AUTOR: George Orwell
PAG: 46
“George
Orwell foi um libertário. "A Revolução dos Bichos", em suas
metáforas, revela uma aversão a toda espécie de autoritarismo, seja ele
familiar, comunitário, estatal, capitalista ou comunista. A obra é de uma
genial atualidade. Apesar de tudo o que alguns poucos homens já fizeram e
lutaram, ainda estamos e vivemos sob os que insistem em dominar aquém da ética
e além da lei. Sejamos diligentes, a luta continua. Um dia conseguiremos
distinguir a diferença entre porcos e homens.”
Nélson Jahr Garcia
Em minhas reviradas pela internet para baixar um
bom livro no Tablet, enquanto esperava meu vôo, acabei achando este clássico.
Um livro bem interessante. Apesar das idéias serem bem tendenciosas ao
comunismo, alguns dos idealismos apresentados por vezes me pareceram tão atuais
que poderia jurar que ouvira algo parecido nos “horários gratuitos”
O livro
narra em linhas gerais, uma história de corrupção e traição. Para tal recorre a
figuras de animais para retratar as fraquezas humanas e demolir a "utopia
comunista" proposto pela Rússia na época de Stalin. A revolta dos animais
da quinta contra os humanos é liderada pelos porcos Bola-de-Neve (Snowball)
e Napoleão (Napoleon). Os animais tentam criar uma sociedade utópica,
porém Napoleão, seduzido pelo poder, afasta Bola-de-Neve e estabelece uma
ditadura tão corrupta quanto a sociedade de humanos.
Pesquisando um pouco, soube que o autor, era um
social-democrata e membro do Partido Trabalhista Independente, a obra é uma
sátira à política stalinista que, segundo sua a visão do autor e de muitos de
seus contemporâneos, teria traído os princípios da revolução russa de 1917.
"O
Homem é a única criatura que consome sem produzir. Não dá leite, não põe ovos,
é fraco demais para puxar o arado, não corre o suficiente para alcançar uma
lebre. Mesmo assim, é o senhor de todos os animais. Põe-nos a trabalhar, dá-nos
de volta o mínimo para evitar a inanição e fica com o restante. Nosso trabalho
amanha o solo, nosso estrume o fertiliza e, no entanto, nenhum de nós possui
mais do que a própria pele. As vacas, que aqui vejo à minha frente, quantos
litros de leite terão produzido este ano? E que aconteceu a esse leite, que
deveria estar alimentando robustos bezerrinhos? Desceu pela garganta dos nossos
inimigos. E as galinhas, quanto ovos puseram este ano, e quantos se
transformaram em pintinhos? Os restantes foram para o mercado, fazer dinheiro
para Jones e seus homens. E você, Quitéria, diga-me onde estão os quatro
potrinhos que deveriam ser o apoio e o prazer da sua velhice? Foram vendidos
com a idade de um ano - nunca você tornará a vê-los. Como paga pelos seus
quatro partos e por todo o seu trabalho no campo, que recebeu você, além de
ração e baia?(...)”
(...)
"Não está, pois, claro como água,
camaradas, que todos os males da nossa existência têm origem na tirania dos
seres humanos? Basta que nos livremos do Homem para que o produto de nosso
trabalho seja somente nosso. Praticamente, da noite para o dia, poderíamos nos
tornar ricos e livres. Que fazer, ? Trabalhar dia e noite, de corpo e alma,
para a derrubada do gênero humano. Esta é a mensagem eu vos trago, camaradas:
Revolução! Não sei quando sairá esta Revolução, pode ser daqui a uma semana, ou
daqui a um século, mas uma coisa eu sei, tão certo quanto o ter eu palha sob
meus pés: mais cedo ou mais tarde, justiça será feita. Fixai camaradas isso,
para o resto de vossas curtas vidas! E, sobretudo, transmiti esta minha
mensagem aos que virão depois de vós, para que as futuras gerações prossigam na
luta, até a vitória.
"E lembrai-vos, camaradas, jamais deixai
fraquejar vossa decisão. Nenhum argumento poderá deter-vos. Fechai os ouvidos
quando vos disserem que o Homem e os animais têm interesses comuns, que a
prosperidade de um é a prosperidade dos outros. É tudo mentira. O Homem não
busca interesses que não os dele próprio. Que haja entre nós, uma perfeita
unidade, uma perfeita camaradagem na luta. Todos os homens são inimigos, todos
os animais são camaradas."
Por fim, os cabeças da revolução, os porcos, adotam
uma postura que corrompe todo o ideal da revolução. Pois
agora os porcos andavam sobre as duas patas traseiras. No final, os animais, ao
olhar para dentro da casa antes pertencente ao dono da fazenda, o Sr° Jones e
onde os porcos agora vivem em considerável luxo em relação aos demais animais,
vêem os porcos jogando carteado com Frederick e Pilkington, senhores das granjas
vizinhas, e celebrando a prosperidade econômica que seus acordos proporcionam
para suas quintas. Numa visão confusa, os animais então já não conseguem mais
distinguir os porcos dos homens.
Nada diferente do que
vemos hoje em dia, não é mesmo?
Vale a pena dar uma
lida.
Boa leitura.