segunda-feira, 25 de junho de 2012

Grandes discursos da Humanidade...






 

Compatriotas!
Hoje calaram-se os canhões. Terminou uma tragédia. Colhemos uma importante vitória. Os céus não semeiam mais morte, os mares apenas albergarão comerciantes, os homens caminharão, em qualquer parte, de cabeça erguida. O mundo inteiro vive em paz. A sagrada missão foi cumprida, e ao dizer-vos isso a vós, o povo, falo em nome de milhares de bocas silênciosas, para sempre mudas nas selvas, nas praias e nas profundezas do Pacífico. Falo para os milhões de valorosos homens anónimos que regressam aos seus lares para construir o futuro, um futuro que todos eles, em grande medida, ajudaram a salvar da catástrofe.

 Ao voltar os olhos para o longo caminho percorrido desde os terríveis dias de Bataan e Corregidor, numa altura em que o mundo inteiro vivia mergulhado no terror, em que a democracia cerrava fileiras, quando a civilização moderna estremecia, não posso deixar de dar graças a Deus por nos ter dado o heroísmo, a coragem e a força necessárias para alcançar a vitória.

Conhecemos o sabor amargo da derrota e a doçura da vitória e, com ambas as sensações, aprendemos que não podemos retroceder. Devemos avançar para preservar a paz que ganhámos com a guerra.

 Desde o inicio do mundo o Homem luta pela paz. Através de longas eras tentou diversos processos internacionais para evitar ou resolver disputas entre nações. Sempre se encontraram meios práticos no que se refere aos cidadãos, mas jamais triunfou uma estrutura internacional de maior alcance. As alianças, o equilibrio das potencias, as ligas de nações, tudo fracassou deixando o passo aberto à guerra. A espantosa capacidade de destruição da guerra elimina agora a alternativa. Temos uma nova e ultima oportunidade. Constituamos o maior e mais equitativo sistema: do contrário, produz-se o choque definitivo entre as forças do bem e do mal.

 O problema é basicamente teológico. Compreende a reafirmação espiritual e o progresso do carater humano, capaz de sincronizar-se com o adiantamento quase inconcebível das ciências em todos os terrenos materiais ou culturais dos ultimos dois mil anos. Devemos afirmar o espírito, se desejamos salvar a carne. Estamos hoje em Tóquio, aqui onde esteve nosso compatriota o comodoro Perry, há 90 anos. Seu propósito foi levarao Japão uma era de luz e progresso, cessar seu isolamento da amizade e comercio do mundo.

 Mas o conhecimento adquirido da ciência ocidental foi forjada em instrumento de opressão e escravização. A liberdade de expressão, de ação, de pensamento, foram negadas pela supressão da educação liberal e pela aplicação da força. Obriga-nos a declaração de Potsdam a diligenciar para que o povo japones se liberte da escravidão. É meu propósito cumprir a obrigação tão rapidamente quanto sejam desmobilizadas suas forças e logo que sejam dados outros passos essenciais à neutralização de seu poder bélico. A energia da raça japonesa deve ser dirigida para sua expanção vertical, não horizontal.

 Dirigido para rumos construtivos, o país pode elevar-se de sua condição deplorável a uma situação digna.

 No Pacífico está à vista um novo mundo emancipado. Hoje a liberdade está na ofenciva, e a demogracia em marcha. Tanto na Ásia como na Europa, os povos avançam para a total liberdade e ausência do medo.

 Nas Filipinas, os Estados Unidos deram forma a este novo mundo livre asiático, e demonstraram aos povos do Oriente e do Ocidente que podem avançar ombro a ombro, baseados no mútuo respeito e com beneficio recíproco. A história de nossa soberania naquelas ilhas conquistou a confiança do Oriente.

 Compatriotas! Informo-vos hoje que vossos filhos e filhas serviram com vigor, combatividade e determinação de soldados e marinheiros americanos, baseados na tradição, contra o fanatismo de um inimigo apoiado em ficções mitológicas. E triunfaram. Vão agora para seus lares. Velai por eles.”

   General MacArthur – 24 de Setembro de 1945.

  Tudo que os homens deixam de sua passagem pela terra, são ecos. Estes ecos podem ser percebidos em suas obras, em seus descendentes, em suas ideias e em suas palavras.
 Dis-se a muito tempo, que uma palavra dita é como uma flexa que sai do arco. Não há volta.


 TITULO: 100 Discursos Históricos
 AUTOR: Carlos Figueiredo
 EDITORA: Editora Leitura
 PAG: 445

  Carlos Figueiredo consegue reunir nesta obra cem grandes discursos. O termo discurso admite muitos significados. O mais conhecido deles é do discurso como uma exposição metódica sobre certo assunto. Um conjunto de ideias organizadas por meio da linguagem de forma a influir no raciocínio, ou quando menos, nos sentimentos do ouvinte ou leitor.
Outro significado corrente, muito usado entre os linguistas, cientistas sociais e estudiosos da Comunicação - como Michel Foucault e Émile Benveniste -, porém menos difundido, é do discurso como algo que sustenta e ao mesmo tempo é sustentado pela ideologia de um grupo ou instituição social. Ou seja, ele é baseado em um conjunto de pensamentos e visões de mundo derivados da posição social desse grupo ou instituição que permitem que esse grupo ou instituição se sustente como tal em relação à sociedade, defendendo e legitimando sua ideologia, que é sempre coerente com seus interesses.
  O fato é que apesar de sabermos que a maioria dos discursos, pelo menos aqueles que marcam, nunca são “de improviso”. Ainda assim suas palavras provocam os mais variados sentimentos.

 Quem há de ficar com os olhos secos diante do discurso de Marco Antonio no funeral de Julio Cesar?


  Amigos, romanos, cidadãos dêm-me seus ouvidos. Vim para enterrar Cezar, não
para louvá-lo. O bem que se faz é enterrado com os nossos ossos, que seja
assim com Cezar. O nobre Brutus disse a vocês que Cezar era ambicioso. E se é verdade que era, a falta era muito grave, e Cezar pagou por ela com a vida, aqui, pelas mãos de Brutus e dos outros. Pois Brutus é um homem
honrado, e assim são todos eles, todos homens honrados. Venho para falar no funeral de Cezar. Ele era meu amigo, fiel e justo comigo. Mas Brutus diz que ele era ambicioso. E Brutus é um homem honrado.
Ele trouxe muitos prisioneiros para Roma que, para serem libertados,
encheram os cofres de Roma. Isto parecia uma atitude ambiciosa de Cezar?
Quando os pobres sofriam Cezar chorava. Ora a ambição torna as pessoas duras e sem compaixão. Entretanto, Brutus diz que Cezar era ambicioso. E Brutus é um homem honrado. Vocês todos viram que na festa do Lupercal, eu, por três vezes, ofereci-lhe uma coroa real, a qual ele por três vezes recusou. Isto era ambição? Mas Brutus diz que ele era ambicioso, e Brutus, todos sabemos, é um homem honrado.
Eu não falo aqui para discordar do que Brutus falou. Mas eu tenho que falar daquilo que eu sei. Vocês todos já o amaram e tinham razões para amá-lo. Qual a razão que os impede agora de homenageá-lo na morte?
Ontem, a palavra de Cezar seria capaz de enfrentar o mundo, agora, jaz aqui morta. Ah! Se eu estivesse disposto a levar os seus corações e mentes para o motim e a violência, eu falaria mal de Brutus e de Cassius, os quais, como sabem, são homens honrados. Não vou falar mal deles. Prefiro falar mal do morto. Prefiro falar mal de mim e de vocês do que destes homens honrados. Mas, eis aqui, um pergaminho com o selo de Cezar. Eu o achei no seu armário. É o seu testamento. Quando os pobres lerem o seu testamento (porque, perdoem-me, eu não pretendo lê-lo), e eles se arrojarão para beijar os ferimentos de Cezar, e molhar seus lenços no seu sagrado sangue. Tenham paciência amigos, mas eu não devo lê-lo. Vocês não são de madeira ou de ferro, e sim humanos. E, sendo humanos, ao ouvir o testamento de Cezar vão se inflamar, ficarão furiosos. É melhor que vocês não saibam que são os herdeiros de Cezar! Pois se souberem... o que vai acontecer? Então vocês vão me obrigar a ler o testamento de Cezar? Então façam um círculo em volta do corpo e deixem-me mostrar-lhes Cézar morto, aquele que escreveu este testamento.
Cidadãos. Se vocês têm lágrimas, preparem-se para soltá-las. Vocês todos
conhecem este manto. Vejam, foi neste lugar que a faca de Cassius penetrou. Através deste outro rasgão, Brutus, tão querido de Cezar, enfiou a sua faca, e, quando ele arrancou a sua maldita arma do ferimento, vejam como o sangue de Cezar escorreu. E Brutus, como vocês sabem, era o anjo de Cezar. Oh! Deuses, como Cezar o amava. O golpe de Brutus foi, de todos o mais brutal e o mais perverso. Pois, quando o nobre Cezar viu que Brutus o apunhalava, a ingratidão, mais que a força do braço traidor, parou seu coração. Oh! Que queda brutal meus concidadãos. Então eu e vocês e todos nós também tombamos, enquanto esta sanguinária traição florescia sobre nós. Sim, agora vocês choram. Percebo que sentem um pouco de piedade por ele. Boas almas. Choram ao ver o manto do nosso Cezar despedaçado. Bons amigos, queridos amigos, não quero estimular a revolta de vocês. Aqueles que praticaram este ato são honrados. Quais queixas e interesses particulares os levaram a fazer o que fizeram, não sei. Mas são sábios e honrados e tenho certeza que apresentarão a vocês as suas razões. Eu não vim para roubar seus corações. Eu não sou um bom orador como Brutus. Sou um homem simples e direto, que amo os meus amigos.Aqui está o testamento, com o selo de Cezar. A cada cidadão ele deixou 75 dracmas. Mais, para vocês ele deixou seus bens. Seus sítios neste lado do Tibre, com suas árvores, seu pomar, para vocês e para os herdeiros de vocês e para sempre. Este era Cezar. Quando aparecerá outro como ele?"

  Ou qual de vocês não imaginam Winston Churchill, diante de uma nação apavorada, segurando seu charuto e invocando a máxima em seu discurso: “ Nada tenho a vos oferecer, salvo Sangue, trabalho, suor e lágrimas...”


   “Na última sexta-feira à noite recebi de Sua Majestade o encargo de constituir novo Governo. Era evidente desejo do Parlamento e da Nação que este Governo tivesse a mais ampla base possível e que incluísse todos os Partidos. 
Fiz já a parte mais importante desse trabalho.
Formei um gabinete de guerra com cinco membros, que representam, com a Oposição Trabalhista, e os Liberais, a unidade nacional. Era necessário que tudo isto se fizesse num só dia, dada a extrema urgência e gravidade dos acontecimentos. Outros cargos importantes foram providos ontem e apresentarei esta noite ao Rei uma nova lista. Conto concluir amanhã a nomeação dos principais ministros. 
A escolha dos restantes ministros normalmente leva um pouco mais de tempo, mas espero que, quando o Parlamento voltar a reunir-se, essa parte da minha tarefa esteja terminada e a constituição do Governo se encontre completa sob todos os pontos de vista. Entendi ser de interesse público propor que a Câmara fosse convocada para hoje. No final da sessão de hoje, propor-se-á o adiamento dos trabalhos até terça-feira, 21 do corrente, tomando-se as disposições adequadas para que a convocação se faça antes disso, se necessário for. As questões a discutir serão notificadas aos Srs. deputados o mais cedo possível. 
Convido agora a Câmara, pela moção apresentada em meu nome, a registrar a sua aprovação das medidas tomadas e a afirmar a sua confiança no novo Governo.
A resolução:
«Esta Câmara saúda a formação de um governo que representa a vontade única e inflexível da Nação de prosseguir a Guerra com a Alemanha até uma conclusão vitoriosa.» 
Formar um Governo de tão vastas e complexas proporções é, já por si, um sério empreendimento, mas devo recordar ainda que estamos na fase preliminar duma das maiores batalhas da história, que fazemos frente ao inimigo em muitos pontos - na Noruega e na Holanda -, e que temos de estar preparados no Mediterrâneo, que a batalha aérea contínua e que temos de proceder nesta ilha a grande número de preparativos. 
Neste momento de crise, espero que me seja perdoado não falar hoje mais extensamente à Câmara. Confio em que os meus amigos, colegas e antigos colegas que são afetados pela reconstrução política se mostrem indulgentes para com a falta de cerimonial com que foi necessário actuar. Direi à Câmara o mesmo, que disse aos que entraram para este Governo: «Só tenho para oferecer sangue, sofrimento, lágrimas e suor». Temos perante nós uma dura provação. Temos perante nós muitos e longos meses de luta e sofrimento. 
Perguntam-me qual é a nossa política? Dir-lhes-ei; fazer a guerra no mar, na terra e no ar, com todo o nosso poder e com todas as forças que Deus possa dar-nos; fazer guerra a uma monstruosa tirania, que não tem precedente no sombrio e lamentável catálogo dos crimes humanos. -; essa a nossa política. 
Perguntam-me qual é o nosso objetivo? Posso responder com uma só palavra: Vitória – vitória a todo o custo, vitória a despeito de todo o terror, vitória por mais longo e difícil que possa ser o caminho que a ela nos conduz; porque sem a vitória não sobreviveremos. 
Compreendam bem: não sobreviverá o Império Britânico, não sobreviverá tudo o que o Império Britânico representa, não sobreviverá esse impulso que através  dos tempos tem conduzido o homem para mais altos destinos. 
Mas assumo a minha tarefa com entusiasmo e fé. Tenho a certeza de que a nossa causa não pode perecer entre os homens. Neste momento, sinto-me com direito a reclamar o auxílio de todos, e digo unamos as nossas forças e caminhemos juntos”.

  Este não é um livro para se ler. É um livro para se degustar. Se possível acompanhado de uma bela música, Beethoven, Bach, Mozart... Você escolhe. Deixe-se sonhar:

 
  "Eu tenho um sonho!
Eu tenho um sonho que um dia esta nação se levantará e viverá o verdadeiro significado de sua crença - nós celebraremos estas verdades e elas serão claras para todos, que os homens são criados iguais.
Eu tenho um sonho que um dia nas colinas vermelhas da Geórgia os filhos dos descendentes de escravos e os filhos dos desdentes dos donos de escravos poderão se sentar junto à mesa da fraternidade.
Eu tenho um sonho que um dia, até mesmo no estado de Mississippi, um estado que transpira com o calor da injustiça, que transpira com o calor de opressão, será transformado em um oásis de liberdade e justiça.
Eu tenho um sonho que minhas quatro pequenas crianças vão um dia viver em uma nação onde elas não serão julgadas pela cor da pele, mas pelo conteúdo de seu caráter. Eu tenho um sonho hoje!
Eu tenho um sonho que um dia, no Alabama, com seus racistas malignos, com seu governador que tem os lábios gotejando palavras de intervenção e negação; nesse justo dia no Alabama meninos negros e meninas negras poderão unir as mãos com meninos brancos e meninas brancas como irmãs e irmãos. Eu tenho um sonho hoje!
Eu tenho um sonho que um dia todo vale será exaltado, e todas as colinas e montanhas virão abaixo, os lugares ásperos serão aplainados e os lugares tortuosos serão endireitados e a glória do Senhor será revelada e toda a carne estará junta.
Esta é nossa esperança. Esta é a fé com que regressarei para o Sul. Com esta fé nós poderemos cortar da montanha do desespero uma pedra de esperança. Com esta fé nós poderemos transformar as discórdias estridentes de nossa nação em uma bela sinfonia de fraternidade. Com esta fé nós poderemos trabalhar juntos, rezar juntos, lutar juntos, para ir encarcerar juntos, defender liberdade juntos, e quem sabe nós seremos um dia livre. Este será o dia, este será o dia quando todas as crianças de Deus poderão cantar com um novo significado.

E quando isto acontecer, quando nós permitimos o sino da liberdade soar, quando nós deixarmos ele soar em toda moradia e todo vilarejo, em todo estado e em toda cidade, nós poderemos acelerar aquele dia quando todas as crianças de Deus, homens pretos e homens brancos, judeus e gentios, protestantes e católicos, poderão unir mãos e cantar nas palavras do velho spiritual negro:

Livre afinal, livre afinal.

Agradeço ao Deus todo-poderoso, nós somos livres afinal."

 Luther King 1963.

 Ótima leitura.


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